Depois de uma viajem de 5 horas desde Brasília até Rio Branco finalmente chegamos concessionaria Honda , Grupo Star, para contar a Bolha , os defletores , carregar a moto , verificar todos os detalhes , este trabalho nos tomou praticamente a manha inteira e enfim saímos de Rio Branco para cumprirmos os 585 Km que nos separavam de Porto Maldonado , no Peru , durante o trajeto, conhecemos o Sr Osvaldo, também motociclista com currículo de grandes viagens pela América do Sul,  o Osvaldo e a Ana , são Pais do Marcelo e auxiliados pela Marcia e o Edisley.

Por que eu estou escrevendo isso ?

Vocês imaginam como é deixar seu brinquedo preferido em uma transportadora para percorrer 4000 Km de cegonha e depois esperar que alguém possa busca-la e guardar para você, por trinta dias,  em um lugar desconhecido, sem nunca sequer ter conhecido pessoalmente as pessoas? Pois é, estas pessoas fizeram isso por mim, e é por causa de gente assim, que  minha fé na humanidade persiste, não conheci gente tão amável e atenciosa com estranhos como estes quatro, além de cuidar muito bem da moto, me ajudaram em tudo que foi possível, mecânica, logística, obrigado Grupo Star.

O Acre tem uma população de 800.000 habitantes, e foi anexado ao Brasil em 1903, tem uma historia riquíssima como Revolução Acreana, estrada de Ferro Madeira Mamoré , Seringais , região do Xapurí, ocupação Malaia e Nordestina.

A Economia e baseada no extrativismo de madeira , Borracha , Castanha, Pecuária , Pesca e Mineração.

A estrada estava sendo reformada após o período de chuvas , com retas e curvas subidas e decidas leves todas de media e alta velocidade, é bem divertido de pilotar, roteiro obrigatório para os motociclistas do norte que passam por ali rumo a Cusco no Peru.

Chegamos finalmente na aduana , do Brasil , que estava vazia o procedimento de saída foi bastante rápido, já na aduana do Peru a conversa foi outra, fila grande e apenas uma pessoa atendendo, começamos a ficar então, preocupados , pois faltava 200 Km, para chegar a Puerto Maldonado e já era três da tarde.

Redigir carta com os dados da moto e fazer a vistoria levou 2 horas, aproveitamos o tempo conversando com dois motociclistas que estavam de mudança de Rondônia para o Paraná e decidiram ir pra lá de Moto, conhecendo antes de chegar em sua nova casa a América do Sul, o detalhe é que eles estavam em duas moto pequenas uma CG125 cc e uma outra 250 cc que não consegui identificar qual era.

Todos falavam a respeito das boas condições das estradas naquela região do Peru, asfaltada até Cusco, o problema são as vilas e os quebra-molas , somados aos “TukTuk , uma espécie de moto com 3 rodas usada para o transporte de pessoas , que anda muito devagar e muitas vezes sem luz ou sinalização alguma, levamos 4 horas para percorrer os 200 km até Puerto Maldonado, e entramos perigosamente noite a dentro, chegamos a 21:00 mas correu tudo bem.

A legislação de transito do Peru exige o seguro SOAT, mesmo sabendo disso entramos sem comprar , porque não encontramos nenhum ponto de venda na divisa, e também esquecemos de compra-lo, no outro dia, em Puerto Maldonado, estávamos no risco , mas prosseguimos assim até encontrar uma agência que nos pudesse vender o documento, não recomendamos isso a ninguém apenas tivemos sorte de não ser abordados pela policia , o seguro custa U$ 26,00 dólares, quando chegar em Puerto Maldonado , é só perguntar na recepção dos hotéis , que vem alguém para fazer o seguro,  sabíamos o telefone de um agente, porem não nos atendeu, possivelmente porque era tarde da noite e ainda por cima um domingo  então resolvemos arriscar e ir sem o documento.

Acordamos cedo para o “desayuno”, ou café da manhã, para iniciar o trajeto de 473 Km até Cusco , os primeiros 200 km são planos com algumas curvas e os benditos quebra molas , os TukTuk, e as vilas, a manha é ir devagar.

O segunda parte do trajeto, quando começa a subida da Cordilheira, fica bem mais interessante e divertida , muitas curvas, pontes , rios , retas em aclive e declive , com um visual belíssimo, e quanto mais alto, mais lindo.

Chegamos a 4735 metros de altitude , com temperatura três graus negativos , estávamos sentindo os efeitos da altitude, dificuldade de respirar, dor de cabeça, um pouco de tontura, mas já conhecíamos os sintomas, era o ponto mais alto da cordilheira naquele trajeto, em contra partida a beleza do lugar, ai foi parar pra fotografar e gastar as baterias e encher a maquina de fotos e filmes, O Brasil é realmente lindo mas o Peru !!!! 

Ambiente frio e desértico, cheio de curvas em aclive e declive até chegar em um planalto onde dava para andar um pouco mais rápido porque o dia já estava terminando e ainda faltava bastante para chegar a Cusco.

Paramos para ver um casamento, típico e para bater algumas fotos do lugar, as crianças cercaram a moto  curiosas , as pessoas não gostam de ser fotografadas por que creem que suas almas ficarão presas nas fotos, prendi varias almas.

Finalmente as 20:00 hs chegamos a Cusco, estava um frio de rachar , a água do chuveiro não esquentava,  estávamos cansados e sem almoço então o jeito foi sair para jantar ir dormir e acordar bem cedo para encarar o dia seguinte.

631 KM , seria um dia difícil, acordamos 5 da manhã e fomos abastecer a moto já na saída da cidade, falamos pro frentista que estávamos indo para Nasca e ele disse , “no es posible hacer esto en uno solo dia”, ouvi aquilo mas não me preocupei muito com isso, não até chegarem as primeiras curva, feitas em segunda marcha em declive, uma após a outra,outra após a uma, e assim por diante, descobri por que a rota é chamada de caminho das 10000 curvas, ou “Ruta de los Mareos “ , assim passamos por Abancay, Chalauanca e Puquio, cortando a rota 35.

Duas horas da tarde e havíamos rodado apenas 230 Km sem abastecer, a moto na altitude diminui absurdamente o consumo de combustível , mais tarde vim saber que a falta de oxigênio também afeta o motor fazendo com ela consuma muito menos combustível, paramos para abastecer exaustos, sempre na esperança de já ter cruzado os andes e ter chegado em algum vale ou planície que tornasse possível acelerar um pouco e ganhar terreno, sabendo que ainda faltavam 400 km de estrada até Cusco, algumas retas na beira de um rio e recomeçaram as curvas, o sentimento era um misto de frustração com alegria, por estar ali naquelas curvas maravilhosas , privilegio para muito poucos na terra. 

O GPS marcava 3200 m de altitude, e mais as curvas em aclive em primeira ou segunda marcha,  depois de algum tempo o GPS marcava 4200 m, e começavam as curvas de baixa em declive, até as pontes eram em curva, e assim foi uma após a outra , quando faltavam 150 Km para chegada, o relógio já marca 18:00 hs e finalmente chegamos em um planalto e uma reta que dava para perder de vista , isso nos animou um pouco, agora já era noite, e dava para ver as luzes de Nasca, não fazia sentido pois o GPS insistia que ainda faltavam 100 km, e ai, mais curvas, quando percebi que ainda estávamos a 4000 metros eu sabia que  Nasca ficava quase a nível do mar, ai então entendi os 100 Km que faltavam, o lugar se tornou muito perigoso , muitos caminhões, baixa visibilidade e penhascos sem proteção na beira da estrada, era interessante de ver os caminhões iluminados subindo a serra , e eu imaginava , onde será que estas caras vão dormir , no meio do nada? Parecia estar um em cima do outro quando olhávamos para baixo.

As 10:00 ad noite chegamos em Nasca , ai verificando o GPS com dados do ultimo trecho, a  telemetria marcou inacreditáveis, 5498 Trocas de marcha, 1686 acionamentos de freio dianteiro, 4027 acionamentos de freio traseiro.

Já cruzei os andes varias vezes, Quatro em Jama , Uma em San Martin de Los andes, Duas em Cochabamba, e este foi o mais difícil com toda certeza, apesar da dificuldade o trajeto é belíssimo e muito divertido , mas na próxima vez vou cruzar em dois dias.

Acordamos bem cedo para pegar um taxi até o aeroporto onde iriamos pegar o famoso voo que permite a visualização das linhas de Nasca. Segundo geólogos foram criadas pela Cultura Paracas, em 400 DC, as linhas são formadas por centenas de figuras simples, como linhas, triângulos e trapézios até figuras muito complexas como Beija Flores, Aranha , Macaco , Peixe , são desenhos rasos, que podem ter até 200 m de diâmetro, o interessante, e misterioso a é que estas linhas foram feitas antes do advento do avião e só puderam ser detectadas quando sobrevoaram a área 1500 anos depois de terem sido feitas. Até hoje a maneira como foram feitas permanece um mistério, elas não podem ser vistas ao nível do solo. Linhas de NAsca

O voo durou uma hora custou U$80.00 , e pra mim, que tenho sérios problemas com o labirinto achei o voo terrivelmente enjoativo , já que o avião não para em linha reta um só minuto para poder mostrar aos passageiros de ambos os lados do avião as figuras, terrivelmente enjoado, tive que voltar  para o hotel e dormir umas duas horas para poder retomar meu equilíbrio e encarar 448 Km até Lima.

Acordei próximo ao meio dia e saímos rumo norte , desta vez sem muitas curvas, o que permitiu desenvolver  velocidades mais adequadas, permitindo percorrer o trajeto até o anoitecer, sem que ter que entrar novamente noite a dentro como vinha ocorrendo nos dias anteriores apesar de termos acordado sempre muito cedo.

A região é desértica é uma importante produtora de  frango, vimos e também muitas fazendas com produção de uva, pra nos que somos agrônomos foi muito interessante ver os milhares de hectares de parreirais cobertos com sombrite, para proteger de pragas e do clima inóspito daquela região. Logo chegamos a Paracas, uma cidadezinha na beira do Oceano Pacifico, próximo a Ica , a cidade fica mais ou menos no meio mapa do Peru, e no meio do deserto mas tem uma imensa  vocação turística e é muito bonita , limpa e organizada, então paramos para comer um cérvice, como de costume, durante nossa estadia no Peru, lugar, logo fomos abordados por um grupo de alunos da rede publica que estavam saindo da escola e curiosas paravam para ver a moto, meninos de 12 a 15 anos com um inglês impecável perguntaram tudo sobre a viajem e a moto. 

O GPS marcava 16:00 horas e ainda faltava 200 Km para chegarmos a Lima , tudo estava em tempo, ai, aprendemos mais uma lição a respeito da América do Sul, evitar a todo custo os horários de rush, logo na primeira cidade depois de Paracas, o transito ficou infernal, e ficou assim em toda cidade que passamos , rodamos 50 km em 2 horas , e já estava escurecendo e nós , prá variar , novamente tendo que andar a noite para chegar a Lima, só aliviou, quando a pista ficou dupla, ai pudemos melhorar nossa média, mas quando chegamos a lima, novamente caos total no transito, Carros um por cima dos outros , buzinas , todos trocando de faixa , como se fosse adiantar alguma coisa aquela atitude, levamos  mais de 2 horas para chegar no hotel. 

Gastamos o dia com visitas as principais atrações turísticas de Lima , Praça Maior, Museu Larco, Basílica Menor , Convento de São Francisco, Palácio do Governo, Catedral de Lima, Praça San Martin, entre várias atrações , com destaque absoluto aos crâneos alongados, que ficam no Museu de Arqueologia, confesso que tentei encontrar referencias a eles na internet mas não é muito fácil de encontrar, os crâneos  encontrados em 1928, levantam várias teorias a respeito da sua origem, o museu diz que é uma técnica de alongamento utilizada nas crianças com hierarquia social superior, da mesma forma que, hoje é feita em algumas culturas do Congo, na África, só não explicam porque os crâneos não tem aquelas linhas comuns nos crâneos dos humanos, fatos longe da minha capacidade de entendimento, mas são muito estranhos! Recomendo a visita.

Com o aprendizado das semanas anteriores , apesar de saber que a estrada seria reta em sua maior parte , saímos as 5:00 hs da manha do hotel, que ficava no centro de Lima, para tentar sair da cidade, antes do engarrafamento, que parece ser um ritual para os peruanos, porem acho que todos nos tivemos a mesma idéia , porque quando era 6:00 hs, já estava tudo entupido de carros, e nós, novamente, presos no engarrafamento.

Logo conseguimos chegar em uma pista dupla que inicia próximo ao oceano Pacifico, a alegria durou pouco, pois a neblina, dificultava a visão dos carros da frente então, tivemos que reduzir significativamente a marcha, e assim foi toda a manhã, frio , chuva , neblina , vento, atraso , mas o pior era não poder ver a paisagem que deve ser deslumbrante, foi o primeiro dia estragado pelo clima , mas por sorte, durante toda a viagem foram poucos.

Como saímos muito cedo perdemos nosso “desayuno”, ai acontece um fenômeno interessante e perigoso quando se trada de motociclismo, a hipoglicemia, é quando a taxa de glicose cai causada pelo longo período sem comer causa , sono , muito sono , o que não preciso dizer, se torna muito perigoso, naquele dia não havia muitos pontos de parada, para nos alimentar e resolver o problema , assim que chegamos a um posto de gasolina, paramos para comprar alguma coisa para comer, e aproveitar para abastecer a moto, o cenário era mais ou menos assim, no teto do posto tinha um cara, com uma metralhadora de tripé ponto 50 apontada para a estrada , e ficava falando em um megafone, alguma coisa que não dava pra entender , o restaurante , não tinha comida e o posto não tinha gasolina, o jeito foi comprar um chocolate horrível que tinha gosto de batom e não de chocolate e uma Coca-Cola quente, ai aproveitamos a segurança extra, para puxar uma pestana , um de cada vez, é claro, pelo menos a hipoglicemia e o sono foram embora.

Agora nos restava apenas 300 Km até chegar a Chiclayo , que fica quase na divisa com o Equador , o trajeto era de Leste a Oeste em uma região com o asfalto bastante estreito, onde o principal problema, era o vento lateral que tirava a moto do lugar e jogava ela para o acostamento, assim fomos indo, areia, vento, até chegar finalmente à cidade, paramos num hotel chamado Casa Andina, todas as cidades do Peru tem cassinos e a maioria fica junto com os hotéis , tomamos banho e descemos para tomar uma cerveja e tentar ganhar a janta de forma honesta. “Ganhamos a Janta “.

Novamente saímos “mui temprano” preocupado com, como seria o procedimento de aduana do Equador que ficava, distante dali uns 200 km , uma espécie de deserto com estrada de alta em aclive e declive e muitas curvas rodeadas por cânions, e por vezes o Pacifico na direita, trecho muito bonito , por sinal,  a região é uma importante produtora de Petróleo e podemos ver da estada inúmeros poços , grandes e pequenos, com aquelas bombas cavalo de pau, funcionando no meio do deserto. 

Tínhamos duas preocupações  , uma era o fato de ter curzado todo o Peru irresponsavelmente sem o seguro SOAT,  e agora tínhamos que encarar as autoridades da Aduana do Peru, e a segunda era fazer o SOAT para o Equador , pois segundo os Blogs onde estudamos o trajeto, havia informações de, que se não tivéssemos o documento na Aduana do Equador, teríamos que voltar para a cidade anterior para faze-lo. Desta vez tínhamos tempo para procurar , mas não encontramos oficinas para fazer bendito seguro SOAT do Equador e resolvemos arriscar indo sem ele, mesmo sabendo que poderíamos ter que  voltar, chegando na fronteira apos as costumeiras fotos, chegamos em um prédio imenso , organizado , limpo , com banheiros , sem movimento e dois guichês, um para a saída do Peru que demorou 2 minutos, e outro para entrada no Equador, que demorou 10 minutos, por que precisamos preencher os papeis de entrada no pais, depois disso , andamos alguns metros para importar a moto, pediram os documentos , carteira , Passaporte e em 15 minutos já tínhamos nosso “permisso”, para o Equador, perguntei ao oficial se seria necessário o SOAT , e fui informado que não era necessário o Seguro para o Equador , tudo certo e “Bien Venido a Republica del Equador”.

 Agora só mais 200 km até Guayaquil, desta vez o problema era  a Garmin, que  vende os mapas do Equador , então tínhamos que nos guiar pelo jeito antigo , placas e perguntas , até chegar ao hotel, não foi muito fácil, o Equador esta em pleno desenvolvimento, e existem obras por toda parte, principalmente nas estradas que serão duplicadas muito em breve, a agricultura é pujante , e vocacionada a produção de Frutas , principalmente a Banana , mas também produzem Cacau , Café, entre outras culturas, para nós do ramo agrícola, foi uma aula passar por aqueles campos, que transpiravam riqueza econômica. Finalmente chegamos a Guayaquil, com 2.2 milhões de habitantes , é a maior cidade do Equador, fica as margens do rio Guayas, que liga com seu principal porto no Pacifico. Chegamos no hotel, estava passando o primeiro jogo das finais da libertadores da América entre o Independiente Del Vale e o todo poderoso Boca Junior , primeiro jogo em Quito , 2 X 1 para a o time da Argentina, e o São Paulo tinha tomado de 2 X 0 , do futuro campeão Atletico Nacional de Medelin.

O Dia foi muito agradável , talvez pela pouca distancia a percorrer, metade da estrada em uma planície até começar a subir a 2800 metros para chegar a capital, estrada divertida e linda , com curvas acentuadas em aclive e bastante frio , que acabou por acionar o censor de pressão do pneu dianteiro, como sou novato em GS , peguei o manual e descobri que não era nada, o frio extremo diminui a pressão do pneu , que ficando abaixo de 2.5 PSI, acende uma luz de advertência no painel, paramos na primeira igreja católica construída no Equador , e por alguns vulcões como o Cotopaxi com 5900 metros de altura, e Chimborazo 6268 metros de altura, o mais visível da estrada , o Equador tem vários vulcões , oito deles ainda ativos , muitas fotos depois chegamos a charmosa Quito, onde iriamos ficar por um dia para descansar. 

O Equador , só cobra pedágio na rodovia Pan-americana, o restante é free!

Como era dia de folga acordamos tarde e pegamos a moto para rodar 32 Km até a famosa divisa dos hemisfério norte e sul , mesmo sendo sábado, tivemos que enfrentar o transito caótico novamente , quase desisti do passeio e voltei pro hotel , mas lá chegamos , é uma espécie de parque etimológico com um obelisco , construído em 1979, achei bem sem graça, não fosse uma exposição de Volkswagen antigos, que estavam estacionados ao redor do monumento , fuscas e Kombis , na maioria, com placas de todos os lugares do mundo, desfilando , originalidade , conservação , estilo , mal demos atenção para a metade do mundo que teríamos que cruzar querendo ou não no dia seguinte. Retornamos para o centro de Quito para um passeio a pé pela belíssima capital Equatoriana , que lembra muito Cusco , mas com um patrimônio histórico muito maior, visitamos, El Penecillo , Capilla Del Hombre,  Igreja de São Francisco, praça de armas, e a Imperdível Igreja Companhia de Jesus , ao meu ver a mais linda em barroco do mundo, e olha que eu já vi algumas.

Depois disso, lavar calibrar lubrificar, afinal já estamos a 7500 Km de casa e ainda falta 6500 Km para chegarmos ao México.

Saímos sem problemas com o transito, afinal era domingo, o plano era chegar logo a divisa, que ficava a 250 Km de distancia dali, para tentar chegar em Cali no meio da tarde. A estrada é lida percorrendo os andes no sentido longitudinal , curvas em aclive e declive cercado o tempo inteiro por vales e picos com neve por todos os lados , chegamos a divisa dom a Colômbia pontualmente as 10:00 da manhã muito animados pelo horário e fizemos a Aduana de saída do Equador em 15 minutos, estava bom de mais para ser verdade, já na  aduana da Colômbia, tinha uma fila de 8 ônibus , cada um com 40 pessoas todas na fila para fazer o procedimento, somente dois atendentes, o resultado foi 3 horas perdidas, só pra carimbar o passaporte de entrada, ainda faltava a Aduana. Saímos da fila com o passaporte carimbado e fomos para a Aduana importar a moto, o procedimento, é tirar 3 copias de tudo , fazer o decalque do chassi da moto, em uma fita adesiva e levar tudo para a fiscal, ( eles fornecem o material para tirar o decalque ), fazer o “permisso”, ela ainda demorou mais uma hora, discutindo com outro agente que a moto tinha duas placas, e não sabia qual escrevia no papel , mesmo eu tendo explicado a ela  que um numero era a placa, e  o outro era o Renavan . 

Fica a dica, em qualquer Aduana, confira tudo varias vezes para ver se esta correto,  sob pena de ter problemas na saída do veiculo e principalmente neste caso, ela esqueceu um 8 do numero do chassis, e a moto seria transportada de navio desde Cartagena até o Panamá , envolvendo vários órgãos regulatórios da Colômbia , onde um pingo pode virar uma letra e ai só Deus sabe. Aduana feita , agora fazer o SOAT da Colômbia que levou mais uma hora, o escritoriozinho fica na direita a 100 metros depois da Aduana. Faltava 400 Km até Cali e ainda tínhamos que visitar um dos santuários mais legais da américa do Sul , o santuário de Las Lajas, construído pelo Frei Joao de Santa Jertrudis, em 1756 sob um vão de 50 metros sobre o rio Guaitara, se tornou um imperdível ponto de peregrinação e para nós , mais uma hora de justíssimo atraso.

Desde que entramos na Colômbia começamos a perceber filas enormes nos postos de combustível, mas como tínhamos autonomia de 200 km, resolvemos seguir em frente, a estrada é maravilhosamente bonita, com curvas margeadas por precipícios de 300 metros ao longo da estrada, exigem muita habilidade atenção e por consequência pouca velocidade, tudo muito lindo mas na próxima cidade teríamos que abastecer, e começamos a reparar postos de gasolina fechados e exercito nas ruas , e em alguns lugares filas de 70 ou 80 carros, preocupados e sem mais outro jeito, tivemos que encarar a fila, sob pena de ficar em situação pior ou sem combustível, então assim que paramos na fila um senhor desceu do carro e disse, amavelmente, que havia filas somente para motos, e como turistas tínhamos a preferencia, fiquei espantado com tanta gentileza e fomos para o inicio da fila,  dito e feito, o frentista viu que éramos de fora e permitiu o acesso a bomba de combustível atrás de outras duas motos de pessoas locais, abastecemos e seguimos viagem. 

O motivo das filas era uma greve de caminhoneiros que trancaram as rodovias e interromperam o transporte de combustível e alimento para o interior do pais , ai o governo ordenou ao exercito que fossem para as ruas para garantir o abastecimento sob força militar, então o exercito estava lá fazendo escolta de Cargas e proteção de pontes e entroncamentos, tudo isso para nossa sorte, nós entravamos nos comboios de caminhões e seguíamos o fluxo, protegidos pelo exercito,  mas tudo era muito devagar , e compensado pela vista maravilhosa daquela região, o resultado destes transtornos todos é que faltando 100 Km para Cali , já estava tudo escuro “novamente” e chegamos ao destino as 10:00 da noite, completamente exaustos, completamos naquele dia 15 horas na estrada, só perdeu em tempo para o trajeto de Cusco a Nasca com 17:00 horas de estrada, realmente muitíssimo difícil, como aquele deveria ter sido feito em dois dias.

Precisávamos entrar em contato com o despachante aduaneiro de Cartagena , para que ele nos enviasse os documentos que teríamos que preencher para ser possível o envio da moto para o Panamá, tentei iniciar este processo do Brasil , mas foi impossível , porque eles precisavam da cópia do carimbo de entrada na Colômbia que somente havia sido carimbado no dia anterior na Aduana, também precisavam de 3 dias uteis, para dar entrada nos papéis aduaneiros, então com o carimbo em mãos o jeito foi providenciar os outros documentos em Cali mesmo e enviar por correio para Cartagena. Segue o procedimento para quem interessar.

“Adjunto carta de la policia y carta de reexportacion, son dos copias de las cartas.

De la carta de la policia debe venir firmada y con la huella (dedo índice derecho)

De la carta de reexportacion, debe venir donde dice declarante con su nombre completo y firma esta va sin huella.

y el formato de evalucion de clientes debe venir con su firma, numero de pasaporte y con la huella (dedo índice derecho), de este ultimo es una sola copia”.

Fácil né !  Agora era ir numa “Notaria“ , ( cartório), para reconhecer firma de tudo , encontrar uma agência de correio para enviar tudo. Na Colômbia, qualquer comercio pode fazer o papel de agencia de Correio, eles recebem as correspondências preenchem um formulário de envio em um programa especifico dos correios e no final da tarde algum funcionário passa para pegar e levar diretamente ao transporte , no nosso caso avião , ficamos apreensivos por não conhecer o procedimento , imagina a senhorinha dizendo : “pode deixar os documentos aqui que enviamos para você , e depois de amanhã estará no destino” , o interessante é que ocorreu exatamente assim como ela disse, no segundo dia, fomos avisados pelo despachante assim que os documentos chegaram a Cartagena, sistema muito inteligente e eficiente, fiquei imaginando se essa moda pega aqui no Brasil o que seria dos correios, filas etc.? Mais uma prova da alto desenvolvimento institucional da Colômbia.

Toda aquela função com os papeis, nos tomou o dia inteiro e mal tivemos tempo de conhecer Cali, agora era descansar para sair na manhã seguinte para subir os andes “novamente”, agora em direção a capital Bogotá.

Novamente saímos cedo em uma pista dupla plana e praticamente sem curvas em direção a Bogotá, andamos 250 Km nem eram 9:00 da manhã ainda, e nada de Cordilheira ou curvas,  de repente lá estava ela imponente, nos próximos 150 Km subimos a de 900 metros para 4000 metros com temperatura negativa ai descemos a 2600 metros com temperatura de 35 Graus, a estrada é muito difícil, cheia de caminhões, e também muito bonita, fui “pego pelo radar”, mas a impressão que me deu , como não estava em velocidade, foi que o guardinha , só queria ver a moto em detalhes, isso já ocorreu em outras ocasiões ,mas nesta viagem, nunca com o intuito de pedir dinheiro, pediu documentos e me perguntou por que a pressa, ai eu disse que tinha que chegar logo em Bogotá para tomar uma Cerveja , ele riu e me liberou. Chegamos por volta das 13:00 ainda faltavam 20 Km para chegar no hotel, pra variar era bem na hora do rush, levamos mais uma hora e meia para vencer a distancia, é comum na entrada dos hotéis a policia receber os hospedes com cães farejadores , a procura de entorpecentes. 

Encontramos um casal de brasileiros a Ana e o Alexandre , que moram na serra da Cantareira, trocaram alguns dedinhos de prosa conosco no saguão do hotel e nos recomendaram ir jantar no Andrés DC, um dos lugares mais legais que tive a oportunidade de conhecer, a regra ali é se divertir , cada andar é temático, ao descer de piso em piso, o ambiente leva você a quatro andares diferentes, inferno, terra, purgatório e céu com uma decoração de deixar as pessoas de queixo caído, artistas sobem e descem cantando e tocando instrumentos independente das outras músicas de fundo, causando um inferno musical onde nada se conecta ou se entende , papeis picados em forma de borboleta são jogados do teto, a comida é excelente, desde a mais simples até a gourmet e as cervejas sempre geladas, se quiser sentar faça reserva, o “psicorestobarshow” está sempre lotado.

Visitamos a Catedral de Sal que fica a 50 Km do centro de Bogotá na cidade de Zipaquirá a 2600 metros de altitude porem a 180 metros abaixo do nível do solo, tem todos os componentes de uma igreja católica, só que desta vez esculpidas em gigantescas cavernas de sal, é um centro cultural e etimológico muito importante para a Colômbia e muito legal de ser visitado.

Chegando ao centro de Bogotá fomos ao Museu Del Oro, considerado um dos maiores museus do mundo, com peças pré-colombianas, que usavam como matéria prima o ouro, o museu foi fundado em 1939, recebemos gratuitamente uma verdadeira aula a respeito de Historia Arqueologia e Arte antiga, ministrada pelo professor Ramiro, que andava com pedaços de papel nos bolsos que ele ia rasgando dobrando e reproduzindo as peças em exibição, profissional do instituto distrital de turismo, a palestra foi grátis, a “Balca de Oro”, é uma das principais peças em exibição , é minúscula e riquíssima em detalhes, perguntei ao professor se havia no mundo moderno algum ourives capaz de reproduzir aquela peça, ele me responde, que já haviam tentado mas nunca conseguiram replica-la, será que os pré-colombianos eram tão primitivos assim ? 

Descer a cordilheira central , com curvas acentuadas em declive até chegar ao vale do rio Magdalena a estrada fica reta e é duplicada, e como em toda Colômbia muito bem conservada, chegamos a mítica , Fazenda Nápoles , antiga propriedade de Pablo Emilio Escobar Gaviria , conhecidos dos mais antigos , na opinião de muitos um dos maiores e mais sanguinários traficantes de drogas de todos os tempos, excêntrico comprou a fazenda para ser sua casa de verão, e montou ali um dos maiores zoológicos das américas com aves exóticas de todo o mundo e também alguns hipopótamos africanos , que ainda residem na propriedade, Pablo tinha o habito de esconder dinheiro em tudo quanto era lugar , então com sua morte em 1993, as casas da fazenda foram todas destruídas por pessoas procurando os tesouros escondidos do tráfico, hoje a propriedade abriga um parque temático e um pequeno zoológico , bem como alguns carros queimados de propriedade do Paiza, a pouco tempo atrás seria impossível chegar tão perto do portão daquela fazenda,  adornada com um avião repousado encima do portal da porteira. 

Agora a estrada é em curva subindo a cordilheira ocidental , a estrada é belíssima com vales e florestas por todos os lados, paramos para comer a legitima comida paiza em um restaurante de beira de estrada , Arroz, Feijão ( Frijoles ) , ovos ( Huevos ) , Carne de porco ( Cerdo ) Morcilha , e Chorizo, e também , barriga de porco ( Chicharrones ) e o porquinho da Índia ( Cuye ), comida “muy esquisita”, que significa muito gostosa em espanhol, e estava mesmo.

Terminamos de subir a cordilheira até chegarmos no meio da tarde a linda e mítica Medelín com 2,2 milhões de habitantes e berço do cartel com o mesmo nome , chefiado pelo lendário Hobin Hood Paiza, eu queria chegar logo e mergulhar de cabeça naqueles  lugares com fama de perigosos, e transpirando historia recente, afinal ocorreu uma verdadeira guerra entre os Estados Unidos e a Colômbia, Narcotraficantes, Guerrilha e povo, camuflada pela media e interesses políticos. 

Logo tratei de descobrir com um taxista, se era possível visitar e aprender mais sobre a historia do Pablo e de Medelín, o taxista se comprometeu em buscar-nos  logo após o almoço para fazer o tour, que nos levou ao bairro construído por Pablo Escobar com seus incontáveis campos de futebol, hospital , mausoléu da família onde jazem, Mãe , Pai , Irmão Primo e alguns sicários do cartel de Pablo, Prédio onde ele morava e sofreu um atentado a bomba , provavelmente ordenado pelo cartel rival em Cali, “La Catedral “, presidio construído por ele para em acordo com o governo colombiano, ficar “preso “e de onde comandava o trafico, rodeado por todo o luxo existente na terra naquela época, aeroporto com os restos dos aviões usados para levar droga para os EUA , finalmente a casa onde ele foi encontrado e morto em dezembro de 1993, da até pra marcar uma entrevista com o irmão dele que ainda esta vivo, mas eu não quis chegar tão perto assim desta historia.

É inconclusiva a opinião a respeito de Pablo Emilio Escobar Gaviria, para alguns ele foi um herói perseguido, que apenas estava se defendendo dos ataques de seus inimigos , para outros um assassino sanguinário implacável com “sapos” e traidores , e para outros “deus”.

O dia amanheceu chovendo mas estávamos felizes pois no final do dia teríamos terminado a primeira parte do trajeto que nos levaria até o México , o que em One Word Riding chamamos de América do Sul do Norte, só mais 700 km e chegaríamos a Cartagena de Índias. Não antes de dar uma passadinha nas desertas praias de Tolu e Covenhas , descemos a cordilheira novamente em curvas de baixa e retas em declive chegamos em um lugar que nos chamou atenção pela quantidade de cavalos parados, parei para bater algumas fotos e descobri que aquilo era um lava jato de cavalos, como era domingo os cavalos desceram da cordilheira onde trabalham na colheita do café e vem para seu descanso semanal , com direito banho e bênçãos do padre da comunidade, logo adiante fomos parados pelo exercito colombiano, que desta vez estava na estrada porque as FARC ( Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia ), no dia anterior, tinha incendiado um caminhão com mantimentos que deveria ser entregue em Cartagena, eram dois tanques Urutu, de fabricação Brasileira, somados a um destacamento de mais ou menos 20 homens, claro que parei para trocar uma ideia com eles, neste momento, as FARC estão assinando um acordo de paz entre eles e o governo, mas pelo que parecia, ainda não tinham assinado, toda estrada estava protegida pelo exercito e quando passávamos faziam o sinal de positivo como que dizendo , “não se preocupem estamos aqui para sua segurança”, e realmente nos sentimos seguros ao passar por aquela região.

Com mais alguns quilômetros chegarmos a planície que liga as montanhas ao lindíssimo litoral da Colômbia e a praia de Covenhas no Pacifico, foi impossível resistir de tirar a moto da estrada e pilotar na praia deserta com uma areia dura e branca e o mar azul turquesa na esquerda , assim fizemos nosso off road , de 45 Km até a tão bela quanto , praia de Tolu, paramos para almoçar e comprar umas cocadas com a dona Tereza, naquele momento parecia que estávamos na Bahia , tal a semelhanças dos hábitos e das pessoas com os Baianos, continuamos pela rota do Caribe até chegar finalmente a Cartagena de Índias 6500 Km percorridos e 10000 km longe de casa a sensação de missão cumprida, era indescritível mesmo sabendo que nosso destino nos exigiria mais 4500 até Cancun no México.

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Por vezes a areia ficava mole e o tombo era inevitável , mas era um tombo quase parado, me orgulho com os 60.000 km sem acidentes, mas derrubar a moto é comum.

Não ha ligação por terra entre a Colômbia e o Panamá, embora foce perfeitamente possível caso houvesse vontade politica entre os dois países, não entendi o motivo de não terem construído este pedaço da Rodovia Pan-americana, Talvez por causa do , narcotráfico, talvez para separar a américa do norte da américa Latrina ? O fato é que teríamos que embarcar a moto em um container para que a moto chegasse até o Panamá , e já tínhamos todo o trabalho burocrático pronto , iniciado em Cali, era só levar a moto até o porto e embarca-la no navio que sai todas as terças e Sextas feiras rumo a Colón no Panamá, entramos em contato com o despachante aduaneiro que nos informou que o navio semente sairia na Sexta Feira e só poderíamos pegar a moto no outro país,  se tudo corresse bem, na próxima segunda, o que representaria um atraso mínimo de 5 dias na nossa viagem, mas o que não tem solução solucionado está, não tínhamos sequer reserva de hotel em Cartagena ai resolvemos dar uma de burguês e fomos nos hospedar  no Las Americas Torres Del Mar, em frente ao mar do caribe , o hotel e gigantesco e mais de 5 restaurantes, até fomos barrados em 2 deles por não estamos adequadamente vestidos, claro que não, não tínhamos roupa chic e nem sequer roupa limpa disponível, então fomos até uma conveniência ali perto para comprar Cervejas, que eram muito caras no hotel e também sabão para poder lavar as roupas, durante nosso tempo de estadia, tinham que ver que legal a banheira cheia de roupa suja boiando até tirar a sujeira, vocês podem imaginar que não era pouca, mas afinal tudo limpo e pendurado na sacada do hotel ,estava tudo limpo e seco para a próxima etapa.

No dia seguinte fomos embarcar a moto, e quem disse que encontrávamos o lugar do escritório despachante , e tudo somado ao transito infernal de Cartagena numa Terça feira as 8:00 da manhã, meu braço doía por causa do freio dianteiro e da embreagem, até que eu desisti, parei a moto  e desci puto da cara, quando vem pela rua um casal que viu a bandeira do Brasil pregada na frente da moto e perguntou “Brasileiros ? “, respondemos que sim e ele me disse que eles também tinham vindo do Brasil, de mudança, sem emprego, com uma Santana quantum 1999, com a esposa a mudança e dois cachorros dentro do carro, “como assim ? “, Eu estava atrasado para o embarque então trocamos contato e eu pedi por favor para nos encontrarmos a noite para eu e a Cris Sabermos mais desta historia maluca, eles toparam.

Finalmente encontramos o escritório da Aduana, e como os papeis já estavam prontos fui até o porto para embarcar a moto, fui mostrando os papeis e entrando até chegar em um barracão enorme onde me pediram para esperar, ali fiquei por um bom tempo até descobrir que eles só fazem o embarque na presença de quatro Pessoas , o Proprietário, O Despachante de Aduana , O Fiscal do Porto , e a Policia, que pediu para descarregar a moto , abri o tanque , verificou absolutamente tudo, e como se não bastasse , fez alguns furos no assoalho do container possivelmente para verificar se não aviam drogas embutidas no assoalho,  depois de tudo verificado e pronto, embarcamos a moto imobilizamos com umas fitas fornecidas pelo despachante, e os oficiais fecharam o container com dois lacres, e eu ali tirando foto de tudo, trabalho feito , retornar ao hotel e tentar entrar em contato com o André e a Flaviane para saber mais sobre o Santanão 99.

A população mais antiga de que se tem noticias data de 4000 antes de Cristo, mas Cartagena de Índias , em homenagem a Cartagena na Espanha, foi fundada em 1533 durante o auge das viagens marítimas de conquistas de rotas comerciais , e portanto muito importante para o reino espanhol, que decidiu fazer daquele pântano a morada do vice rei da Espanha, assim como Buenos Aires no extremo sul , era um importante porto usado para o escoamento de ouro e prata, provenientes do Equador Peru e da própria Colômbia, também recebia escravos da África para trabalho de colheita de Cana de Açúcar, foi Disputada por Holandeses, Ingleses, Portugueses, e por causa desta riqueza cultural é uma das cidades mais interessantes para se conhecer.

Visitamos o Museu Marítimo, Cidade Murada , Monastério La Popa, Castelo de San Felipe Barajas, Catedral Pedro Claver, Torre do Relógio, Mercado de Las Bóvedas.

No dia seguintes contratamos um tour para mergulho com cilindro, estávamos com tempo e no Caribe , assim saímos em direção a Isla Rosário, próximo a Cocoliso, o Mar turquesa tem profundidade aproximada de 10 a 20 metros , com visibilidade perfeita sob o sol do equador gastamos o dia ali entre corais e muita vida marinha. A noite nos encontramos com Eliza, uma médica recém formada, que conhecemos no avião durante o sobrevoo das linhas de Nasca, ela estava em Cartagena às voltas de descobrir onde iria morar , já que na Colômbia , o primeiro ano de profissão deve ser a serviço do estado, e o lugar escolhido por sorteio, e pensa que ela estava triste ? passamos horas conversando a respeito das oportunidades mesmo sendo escolhida para regiões no interior do pais e o enriquecimento pessoal que isso proporcionaria.

No final desta jornada pela América do sul Parte Norte por, 18 Dias, 6554 Km,390 Litros de Combustível, muitos novos amigos , minha percepção a respeito da América do Sul mudou, todos os países estão em pleno desenvolvimento econômico e principalmente desenvolvimento Humano, a maioria das pessoas com quem falamos sabiam falar inglês, não tivemos problemas com falta de segurança em nenhuma ocasião mesmo tendo passado pelas periferias de grandes cidades como Lima , Bogotá, Medelín, Cartagena , Guayaquil , o comercio entre os países está pujante, a agricultura de alta tecnologia em pleno vigor, inclusive nas regiões de deserto no norte do Chile do Peru, os setores de turismo funcionam a pleno vapor levando turistas até os lugares mais longínquos como Nasca, Lima, Cali, Cartagena, não sofremos assedio da policia em busca de propina, as estradas em perfeito estado de conservação feitas para durar, principalmente as da Colômbia, os Peruanos , Equatoriano e Colombianos , são tão alegres e hospitaleiros quanto nós Brasileiros, completamente diferente daquela américa do sul, pobre e violenta, que estava na minha cabeça durante o planejamento, ia me esquecendo , a Final da libertadores foi entre Colômbia e Equador.