Quando chegamos a Narva, fomos diretamente ao posto de controle , próximo a ponte, e ficamos observando como faríamos o procedimento de saída da Estônia, estava bastante complicado por causa da língua, os guardas da ponte não falavam Inglês, e as placas estavam todas em Estoniano ou Russo, língua mais falada em Narva, tentei me comunicar com algumas pessoas, mas foi em vão, quando de repente apareceu, cara alto com aparência ocidental, era um alemão , que falava muito mal o inglês, o senhor poderia nos ajudar ? Não sei porque, mas ele estava bastante exaltado com os guardas da Aduana, ele se aproximou de mim falando em Alemão apontando para um papel e reclamando muito, fiquei parado ouvindo sem entender nada, mas deixei ele falar , eu acho que ele pouco se importava, se eu ouvia ou não, o que ele estava dizendo, ele só queria xingar e desabafar, ele percebeu que não sabíamos fazer os tramites da aduana então fez sinal com a mão para que o seguíssemos, entrou em um carrinho vermelho e saiu, quase não deu tempo de subir na moto e acompanha-lo em direção a um bairro afastado da cidade, chegando lá percebi que era o local onde eram feitos os tramites da Aduana, a guarita da ponte era somente o ponto para passagem com os papeis prontos para serem carimbados, haviam  varias filas , de carros , caminhões e pessoas , e o alemão continuava perto de mim xingando com o papelzinho na mão, fiquei um pouco preocupado, porque não é muito inteligente, ficar brigando na aduana, porque os oficiais tem o poder de dificultar muito sua vida , e o alemão não saia de perto de mim, chegando minha vez na fila apresentei os papeis da moto, alugada juntamente com os meus, e em 2 horas estava tudo pronto ,  14:00 hs , então me dirigi a ponte para finalmente sair da Estônia e fazer os tramites da Rússia, ficamos parados na ponte, enquanto uma fila imensa de carros tentavam fazer o mesmo, a fila andava devagar, e só havia um pequeno telhado que abrigava as guaritas, naquilo as portas do céu se abriram para um diluvio, que eu nunca tinha visto em toda minha vida, e nem tão pouco vi, chovia de balde , então largamos a moto na fila e fomos nos abrigar no telhado da aduana, a cada vez que a fila de carros andava, eu saia na chuva e empurrava a moto, por alguns metros, e assim foi , pelas próximas 4 Horas , até chegar a nossa vez , 17:00 hs,  a oficial nos deu, só pra sacanear,  um papelzinho escrito em Russo, que era impossível de ser preenchido, demorou mais um tempo e pedimos um em Inglês, para preenchermos, ai ela demorou mais uma hora para saber se brasileiros precisavam de visto para entrar na Rússia  ou não, 19:00 Hs, tudo pronto fomos até a moto, que já estava embaixo do abrigo e cadê que ela pegava ? fiz de tudo , e não ligava, minha cabeça inexperiente, logo realizou que seria algum dano elétrico, causado pela chuva, um guardinha da aduana passava ao nosso lado e dizia “Go !“, ria e abanava o braço, dizendo para seguir, filho da puta ! 21:00 hs, e nos lá sem poder voltar ou seguir, com os guardas tirando sarro da nossa cara. A situação era muito preocupante , ficar sem a moto ali , num sábado, sem o seguro que era válido somente na União Europeia , com a moto estragada , seria sem dúvida o final da nossa viagem.

Houve a troca do turno da guarda da guarita , e chegou um guardinha que se aproximou da moto , falou algumas palavras em russo , e saiu de perto , 22:00 hs, o guardinha voltou com um cabo de chupeta, daqueles vermelho e preto, no meu entendimento o problema não era bateria, mas eu não tinha nenhuma opção naquele momento, então abrimos a moto achamos a bateria e conectamos o cabo, a fila carros andava lentamente e ele foi para o meio da pista e fez sinal para um cara parar, era um carrinho vermelho, incrivelmente com o Alemão dentro, o senhor poderia nos ajudar ? Ele não queria mas foi obrigado a parar, por ordem do guarda e já desceu xingando em alemão, vinha pro meu lado e xingava, abriu o compartimento da bateria que era dentro do carro embaixo do porta luvas e xingava, mas teve que permitir que fizéssemos a chupeta, durante este tempo ele vinha pra perto de mim e xingava, para nossa sorte, a moto deu sinal no painel, então descobri que ela havia perdido a carga da bateria por causa de um aquecedor de banco ligado sem querer, e como a moto ficou na chuva, ela descarregou.

23:30 , ligamos a moto, o Alemão, fechou o carro xingando e continuou viagem.

Ainda tínhamos 160 Km até São Petersburgo, exaustos, encharcados,  e com pouco combustível.

No dia seguinte, fomos passear a pé pela magnifica cidade, quando de repente encontramos, em um lugar remoto, um cara grande , com aparência ocidental, inacreditavelmente, é o Alemão , disse pra Cris, abordamos o cara e perguntamos se ele poderia nos ajudar ? , quando nos reconheceu ele ficou boquiaberto , e disse em um inglês rui, que a gente deveria estar conectado em outras vidas, impossível encontrar alguém em uma cidade de 13 milhões de habitantes , principalmente A maior coincidência do mundo

naquela circunstancia , e pela terceira vez , na ponte, na aduana e agora ali no em São Petersburgo.

Paramos tomamos uma cerveja, e almoçamos, o nome dele é Fritz, é Locutor, mora em Berlin e o apelidamos de Mister Angel. Descobri que a dificuldade dele na aduana era causada por ele ser alemão, sofrendo bulliyg por causa da segunda guerra mundial. 

Além de toda a dificuldade encontrada na aduana da Estônia ainda tivemos que pilotar na chuva até chegar em São Petersburgo, a estrada é pedageada , e a educação no transito igual a dos brasileiros. 

Chegamos no Hotem a 1:00 hs da manhã e ainda estava claro, 

Catedral do Sangue Derramado, é uma das principais igrejas ortodoxas da Rússia e também uma das mais belas, fica as margens do canal Griboedov, foi construída ali no local onde o Czar Alexandre II da Rússia foi assassinado, 1881 , foi danificada na segunda guerra mundial pelos alemães , que bombardearam a cúpula, só que a bomba não explodiu, ficando ali  “guardada” por 19 anos sendo encontrada por equipes de manutenção vários anos depois . 

Hoje ela é um museu que conta a historia do Czar Alexandre II de Rússia

Tomar Vodka e comer Strogonof , ambos bem diferentes dos que encontramos no Brasil.

Segunda maior cidade da Russia fica as margens do rio Neva, já se chamou Petrogrado e Leningrado, com a queda da União Soviética voltou a se chamar São Petersburgo. Foi fundada em 1703, e já foi a capital do império, hoje é considerada um patrimônio mundial , pela Unesco e sem duvida é uma das mais lindas que eu já tive a oportunidade de conhecer .

Imperdível visitar , Hermitage , Catedral do Sangue Derramado, Fortaleza de São Pedro e São Paulo, Palácio de Inverno , Catedral de Santo Isaac , Nevsky Prospekt , Museu Russo, Peterhof, Catedral de Nossa Senhora de Cazã, Kronstadt, Almirantado, entre outros lugares.

Rio Neva liga o Lago Lodga até o Golfo da Finlândia cortando ao meio a cidade de São Petersburgo, ancora transatlânticos que chegam a cidade lotados de turistas, tem apenas 74 km dos quais 28 são dentro da cidade.

Saímos da cidade bem cedo para tentar chegar no mesmo dia a Helsinque , capital da Finlândia, e descobrimos que o diluvio ocorrido , na aduana , também havia destruído vários lugares no entorno da cidade arrastando pontes e estradas , chegamos em um lugar onde a ponte havia sido levada rio abaixo , por sorte passamos por uma ponte de madeira construída para a passagem de pedestre , mesmo contra a vontade de alguns nativos.

A chuva acabou com a estrada , a Gold Wing não gostou nadinha de andar em um lugar como aquele, eu  tinha que pilotar em pé, para não cair e com o curso da suspenção curto, ela, definitivamente não foi feita para andar em buracos, depois de muitas horas de sofrimento, conseguimos passar, ha apenas uma estrada que liga a Rússia a Finlândia através de um pântano.

Memorial em homenagem a guerra entre Rússia e Finlândia, na guerra de inverno pouco depois do inicio da Segunda Guerra Mundial.

Três meses após o inicio da Segunda guerra mundial a Rússia tentou invadir a Finlândia e sofreu uma incrível derrota mesmo em numero superior a 3 para 1 , um dos motivos do êxito finlandês, foi a barreira geográfica natural chamada de istmo da Careia, onde estávamos pilotando naquele dia , é uma região completamente militarizada, e guarda vários resquícios da segunda guerra mundial, como a linha VKT e linha Salpa , que é uma linha de Bunkers interligados que impediram a invasão Russa a Finlândia, e ajudaram a proteger a Finlândia e o exercito vermelho a combater na neve. Fantástico lugar,